RESPIRAÇÃO BUCAL - VOCÊ RESPIRA PELA BOCA?

19 de Janeiro, 2023

    Quando estamos resfriados e o nariz fica congestionado por secreção, nossa única solução é abrir a boca para o ar entrar. Torna-se cansativo, dormir e acordar, por um ou dois dias, com uma obstrução nasal, né? Então, imagine manter esta respiração pela boca por 24h por toda uma vida.

    A respiração é realizada normalmente por via nasal, permitindo que o ar inspirado, ao passar pelo nariz, seja purificado, filtrado, aquecido e umidificado no trajeto até os pulmões. A respiração pelo nariz protege as vias aéreas superiores e permite o correto desenvolvimento do sistema craniofacial e de todo o corpo.

    Com a obstrução nasal, a respiração fica comprometida levando a pessoa a respirar pela boca. A respiração bucal (RB) está presente quando o indivíduo respira pela boca total ou parcialmente por um período superior a seis meses. Quando isso ocorre, a pessoa priva-se de todas as vantagens que a respiração nasal pode proporcionar.

    Entre as principais causas da obstrução nasal, temos: rinite alérgica, hipertrofia das amigdalas, hipertrofias das adenoides e pólipos nasais. Como consequências da respiração oral, são observadas alterações no crescimento crânio-oro-facial, no sistema auditivo, olfativo, na fala, no comportamento, na postura corporal e na qualidade do sono.

     A respiração bucal não promove um preparo adequado do ar inspirado, levando a uma modificação dos mecanismos pulmonares de absorção de gases que podem comprometer as trocas gasosas. Se o ar não tem boa qualidade, a repercussão no organismo não será das melhores e pode afetar no crescimento da altura e ganho de peso.

    As crianças que respiram pela boca geralmente têm sono agitado, de má qualidade e com pesadelos frequentes, o que leva à sonolência diurna, cansaço, ansiedade, desânimo, falta de concentração e atenção e até a diminuição do rendimento escolar. Outras crianças, para se manterem acordadas ao longo do dia, podem ter comportamento agitado e hiperativo. Por isso, que os professores devem prestar atenção às crianças em sala de aula.

    Para respirar pela boca, a tendência é colocar a cabeça para frente e para baixo, que leva a alterações de postura de todo o corpo, puxa os ombros para frente e para baixo, comprimindo o tórax, por sua vez, a coluna poderá apresentar alterações de curvaturas aumentadas (hipercifose dorsal e hiperlordose lombar), além de alterações de todo membro inferior. Ou seja, muitas alterações posturais que podem levar ao desconforto e dor durante o desenvolvimento corporal.

    Os pais e professores podem estar atentos se as crianças ficam de boca aberta por longos períodos. As inúmeras alterações encontradas na criança respiradora bucal podem ser minimizadas com uma equipe multidisciplinar, composta por otorrinolaringologista, ortodontista, fonoaudiólogo, psicólogo e fisioterapeuta especializado.


*Dra. Jecilene Rosana Costa Frutuoso -
  Fisioterapeuta CREFITO-3:26.070-F Mestre e Doutora pela Unifesp.