Quando não sabemos por onde começar
03 de Outubro, 2022
Você já se sentiu sobrecarregado diante de tantas tarefas e afazeres cheios de prazos e datas? Na demanda do nosso dia a dia, imersos numa sociedade em que o ritmo das informações é cada vez mais rápido, é difícil não nos preocuparmos e, hora ou outra, acabamos lidando com aquela sensação de que não conseguiremos dar conta.
No contexto escolar, é também possível observar essa crescente tensão e ansiedade nos estudantes - um fenômeno possivelmente agravado pela pandemia causada pela Covid-19, período no qual não somente passamos por incertezas e medos em relação ao futuro, como também fomos exigidos no sentido de aprender a lidar de maneira rápida com essa nova situação.
Durante a Pandemia, o tempo que nos sobrou por não precisarmos mais fazer o deslocamento casa-trabalho ou casa-escola, na verdade, se tornou um tempo de trabalho, de novas aprendizagens usado para lidar com os problemas que apareciam. Ou seja, esse "tempo extra" nos forçou a um aumento de produtividade.
Agora que tudo "voltou ao normal" queremos que a nossa mente e nosso corpo continuem nesse modo de alta produtividade, gerando-nos uma sensação de ansiedade constante.
Dessa maneira, aquele "tempo extra" utilizado na produção necessária para enfrentarmos a pandemia, não existe mais, porém esse trabalho continua lá, pois ele já está interiorizado em nossa vida. Assim, voltamos a ter o nosso tempo diminuído em função dos deslocamentos, mas precisamos continuar produzindo o que já nos acostumamos. Nosso ritmo, então, acaba sendo ditado de maneira ainda mais acelerada do que antes, em nome de que "precisamos correr atrás do prejuízo".
Lidar com isso tudo, definitivamente, não é tarefa fácil e nem que se possa fazer sozinho. É importante se ter em vista que se trata de um problema coletivo, pois estamos todos nos sentindo sobrecarregados e consequentemente, sobrecarregamos os outros ao nosso redor também: pais, filhos, escolas, professores, amigos, relações profissionais, casais… enfim, exigimos do outro sempre mais, despertando nele a sensação de que ainda está fazendo pouco.E como podemos enfrentar esse novo desafio?
Precisamos adotar práticas que permitam maneiras de enfrentarmos isso, através do cuidado com a saúde mental e com as nossas redes de apoio, sejam formadas por familiares, por amigos ou psicólogos, além de estabelecer pequenas metas pessoais como formas de atingir cada objetivo.
Nas aulas do Colégio Anglo Morumbi, através do programa Líder em Mim, procuramos desenvolver nos estudantes o foco no objetivo principal. Ao estabelecermos pequenas metas pessoais e priorizarmos o "fazer primeiro o mais importante", o estudante percebe a importância de evitar o desperdício do tempo em atividades desnecessárias e, que muitas vezes, não trazem o equilíbrio emocional necessário para manter sua saúde mental.
É preciso aprender a priorizar! Escolher e estabelecer pequenas metas diminuem a sensação de ansiedade e de muitos afazeres. Ao cumprimento de cada meta estabelecida, os alunos são incentivados a celebrar suas pequenas conquistas, valorizando dessa maneira a dedicação e o empenho pessoal, e desafiando novamente na busca de um novo objetivo.
Aproveitando o mês de setembro, destinado à campanha de valorização da vida, é importante ressaltar que nem sempre conseguimos lidar com tantas demandas internas e externas sozinhos. Precisamos reconhecer e buscar apoio de um psicólogo, amigo ou um familiar para nos ajudar a atravessar este período, que dentro dele, muitas vezes parece intransponível.A todos nós cabe também um olhar mais empático ao próximo, no sentido de realmente oferecer uma escuta, um carinho, um incentivo que pode fazer a diferença na vida do outro.
Valorizemos a vida! Que saibamos perceber a importância e a preciosidade dos momentos diários que passamos com as pessoas que amamos. Que saibamos o valor da nossa vida para a vida dos nossos familiares e amigos. Somos todos seres únicos e insubstituíveis aos que nos amam.
Claudia Guarnieri é professora dos 5ºs anos no Colégio Anglo Morumbi