Escuta empática

17 de Setembro, 2021

Escuta Empática!

No programa O Líder em Mim do Colégio Anglo Morumbi desenvolvemos com as crianças o hábito 5 "Primeiro compreender para depois ser compreendido " Isso exige uma escuta empática. Parece fácil! Cotidiano. Mas não é! É um grande exercício. Vocês já perceberam como isso é rotineiro em nossas vidas? Quando você conversa com alguém está realmente escutando e absorvendo o que a pessoa diz ou só aguardando sua vez de falar? Escutar é um processo que necessita, além da audição e atenção, interesse; é mais complexo do que simplesmente "parar de falar". Com a Pandemia, as aulas on-line e a necessidade de nos isolarmos e nos adaptarmos de forma remota seja no trabalho, seja na escola, tudo ficou mais intenso. A tecnologia invadiu de vez nossas vidas e uma gigantesca gama de conteúdo dominou o cenário Hoje qualquer tipo de informação está a um clique na tela de um smartphone. A cobrança constante por estarmos sempre atualizados, por produzir, entregar e estar sempre ativo nos tornou robotizados… E com isso, onde fica a escuta ativa? Nossas crianças e adolescentes precisam falar, expressar, contar o que estão sentindo e o que aprenderam com tudo isso. Precisam dividir suas experiências. E quando eles querem ter voz e ser escutados pelo adulto, estamos sabendo ouvir?

Muitas vezes nossas crianças só precisam expressar algo sem que ninguém os interrompa, que o adulto lhe dê o suporte apenas a ouvindo. Sem atropelar com frases de efeito ou lições de vida prontas. Demonstrar paciência e a disponibilidade de verdade em escutar o outro é um grande desafio Escutar é muito diferente de ouvir. Saber ouvir significa entender as considerações do outro para entender o que ele deseja comunicar. Acredito que por isso se chama escuta empática, porque esse momento serve como um abraço! Muitas vezes a criança vem falar com você, mas não quer julgamento nem mesmo uma opinião; ela só queria falar e ser ouvida, assim como quem busca um acolhimento, um afago. Antigamente a escola era um ambiente de fala exclusivo do mestre. O professor era o único que transmitia seus conhecimentos e os alunos somente escutavam. Todos perdiam! Hoje sabemos que, ao ouvir o outro, ganhamos experiências e sabedoria. Valorizamos a relação entre aluno e professor, e toda comunicação é empática e assim há sempre espaço para uma comunicação autêntica. Se é na escola que a criança passa a maior parte de seu tempo, devemos valorizar que ela não vem só, que ela traz toda bagagem de sua realidade, de suas vivências, suas dores e tristezas, e, compartilhar isso, sempre agregará nesse espaço onde o mais importante é ter um ambiente de troca onde todos possam estar saudáveis, física e emocionalmente bem. Quando foi a última vez que você realmente ouviu seu filho sem pressa ou sem interromper com uma resposta pronta? Todos ganham com a escuta empática A criança que se sente respeitada, ouvida com atenção e empatia na dinâmica familiar ou na sala de aula, desenvolverá sua autonomia, sua inteligência emocional, se relacionará melhor com as pessoas, e, com o exemplo, saberá escutar o outro e tudo isso irá refletir inclusive nas práticas do dia a dia e na vida adulta. Eles precisam ser ouvidos para aprender a ouvir o outro, se colocar no lugar do outro e, assim quando tiverem conflitos com os amigos ou dificuldades, busquem entender os porquês por meio da escuta empática. "A Escutatória", de Rubens Alves é uma citação muito apropriada para concluir: "Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular. Escutar é complicado e sutil…"

Por: Patrícia Marques