Criando Rotas

15 de Julho, 2021

O sistema educacional é baseado em três etapas: aula, prova e repasse. E, durante muito tempo, a escola foi pensada para que o aluno apenas reproduza os conteúdos curriculares, o que, por consequência, mudou a rota do professor, transformando-o em um profissional de ensino e, tirando-o da sua rota primordial que é a da aprendizagem.
Segundo Kai-fu Lee - Criador da Inteligência Artificial: "todos os alunos são forçados a aprender na mesma velocidade... as escolas adotam uma postura de linha de montagem, passando as crianças de uma série a outra... independentemente de terem absorvido ou não o que foi ensinado." Entendo que utilizar a Pandemia que estamos vivendo como referência negativa pode parecer um chavão. No entanto, além das dificuldades vivenciadas por todos, ela também trouxe algo positivo: a mudança dos paradigmas educacionais.
Como professor, gosto de utilizar metáforas para auxiliar na explicação/orientação de nossos alunos. Então, vamos lá...
No início do século XX, um médico, um engenheiro, um advogado e um professor, possuíam procedimentos claros e bem definidos em cada uma das profissões. Caso cada um desses profissionais fossem submetidos ao procedimento de indução a um sono prolongado e saíssem desse sono no ano de 2019, período pré-pandêmico, o médico, o advogado e o engenheiro certamente encontrariam muitas diferenças nos processos de trabalho de suas áreas de atuação. Afinal, a tecnologia incorporada a cada uma dessas carreiras proporcionou uma alteração de paradigmas e por sua vez de processos e procedimentos de trabalho.
Mas e o professor? O professor acordaria, tomaria seu café na sala dos professores, pegaria seu giz, iria até a sala de aula e daria uma aula expositiva, muito semelhante ao já vivenciava no início dos anos 1900.
Com essa pequena metáfora, proponho uma reflexão. Na educação, fomos obrigados a repensar nossos paradigmas e de fato, sair do modelo tradicional de ensino - da instrução para a aprendizagem. O período pandêmico nos trouxe a oportunidade e a obrigatoriedade de mudança.
Tendo os contextos metafórico e pandêmico como referências, o Colégio Anglo Morumbi sempre esteve à frente. No ano de 2016, obteve a certificação GOOGLE, cuja importância é a da inovação e de demonstrar a preocupação com o futuro, apresentando e incorporando na rotina dos professores e alunos ferramentas que estão a serviço do processo educacional.
Em 2020, diante do cenário adaptativo que se impôs, o conselho gestor, favorecendo-se do perfil inovador já instaurado em nossa escola, intensificou, por meio de novos cursos formativos e com agilidade, seus professores para enfrentar o então chamado "novo normal".
Em 2021, não está diferente, continuamos agregando qualidade ao ensino misto (híbrido) e ao remoto, com formações como o curso "Criando Rotas" - Sala de aula invertida. Durante o período em que o curso foi ministrado, vivenciamos na prática a elaboração de experiências de aprendizagem híbrida, criamos conteúdos em diferentes formatos digitais, experiências de aprendizagem síncrona e assíncrona e desenhamos propostas avaliativas coerentes; vivenciamos na prática as metodologias ativas.
Em nossa essência de professor/educador sempre está a coragem de buscar o que melhor se adapta à realidade.
Hoje, podemos dizer que a metáfora a que me referi no início, passou por uma releitura e, aquele professor que despertasse no ano de 2021, passaria pela mesma alteração de paradigmas, processos e procedimentos dentro de sua área que os demais profissionais citados.
O profissional que não alterar a lente que está usando para enxergar seu mundo e sua atuação, com o tempo ficará ainda mais obsoleto. Todas as mudanças que foram incorporadas à "nova rotina" escolar vieram para ficar. Fazer parte da geração que está "escrevendo", ou ainda, "digitando" essa nova rota, é uma responsabilidade gigante e extremamente desafiadora. Em suma, o professor é efetivamente agente de mudança, e assim o será para sempre.

Gabriel Previdente Costa - Coordenador do Ensino Fundamental Ano Finais