Conexões Familiares

05 de Abril, 2023

O desenvolvimento saudável da criança tem seu início no nascimento. Os cuidados cotidianos, as experiências do começo da vida são de extrema importância, fundamentais para sua saúde física, emocional, segurança e respeito como sujeito social. Nesse processo, os pequenos necessitam de interações positivas e de cuidados adequados, desempenhados por pessoas comprometidas com o seu bem-estar. Nos primeiros anos de vida, são criados fortes alicerces com seus cuidadores que são, na maioria das vezes, seus familiares. Quando uso a palavra "família", me refiro a uma organização social, em que podem ou não existir laços consanguíneos e com as suas mais diversas composições. Desde os primeiros dias de vida, já são formados os vínculos afetivos, a base segura que permite à criança explorar o mundo com confiança. No decorrer desse processo o papel ativo e suas interações são essenciais, mas não podemos nos esquecer de estabelecer limites, rotina e tarefas de acordo com sua idade. Nesse caminho é interessante que sua fala e ações sejam reconhecidas de forma positiva, ou seja, os acertos merecem maior notoriedade do que os "erros". Não podemos esquecer que estamos falando de aprendizes. As conexões familiares contínuas dependerão das estratégias utilizadas, as boas relações são fortalecidas quando enfatizamos o que o outro faz de melhor, vamos pensar em 24 horas. Será que acertamos ou erramos mais? Certamente acertamos, mas de forma inconsciente temos a tendência de chamar a atenção pelo erro e não pelo acerto. Dessa forma, a criança faz birra, pois entende que quando faz algo que não está de acordo com o esperado a atenção se volta para ela. O ideal é valorizar tudo que faz de bom, assim vai notar que chama a atenção por boas atitudes e recebe elogios. Existirá um momento em que os familiares precisarão dizer "não". A criança conhecerá o sentimento de frustração, necessário para desenvolver sua tolerância. Esse momento será melhor aceito devido à boa conexão familiar, pois foram criados anos de confiança. Nossos filhos estão se transformando todos os dias. Os sentimentos mudam, o corpo, os gostos, mas a família precisa continuar interagindo, manter o diálogo, conhecer suas músicas e séries favoritas. Entrar naquele mundo e relembrar que todos passamos pelas mesmas fases e que não é algo fácil. A conexão da infância não pode se perder, precisamos manter a mesma intensidade e desejo de conhecê-los, e entender como é fascinante e bonita essa aceitação de ambos os lados. Podemos nos aproximar de forma simples e aliviar as inseguranças desse modo. Devemos manter o mesmo olhar curioso de quando eram bebês e pensávamos: "o que iremos falar hoje?"; "qual será a palavra ‘nova’"? O olhar empático e sem julgamentos ajudará bastante na carga emocional que esse processo carrega. O diálogo deve ser mantido mesmo quando precisarmos fazer algum tipo de negociação. A punição traz medo e esse sentimento nos afasta e gera mágoas. Podemos acolher e, ao mesmo tempo, mostrar que cada um é responsável pelos seus atos e que tudo tem consequências. Temos o dever de apontar o caminho correto. Não nascemos sabendo e erramos na idade adulta também.

Seguem algumas sugestões que podem ajudar:

  • Não rotule, tenha um olhar gentil e sem julgamento;
  • Aprenda a ouvir;
  • Ofereça uma liberdade "assistida";
  • Não aumente a proporção dos fatos e lembre que já teve a mesma idade e atitudes semelhantes;
  • Escreva bilhetes com o que gostaria de ouvir;
  • Reserve um tempo para seu filho;
  • Aceite sua energia e a utilize de forma positiva;
  • Evite assuntos desnecessários que ele não irá resolver;
  • Não nascemos prontos, precisamos aprender;
  • Ensine a nomear seus sentimentos;
  • Lembre-se que é uma boa mãe ou pai, reconheça seus esforços e o que faz de bom;
  • Confie no trabalho que tem feito desde o nascimento do seu filho;
  • Aceite seu cansaço e faça algo de que realmente gosta. Para ajudar, precisamos estar bem.

Estas sugestões associadas ao trabalho socioemocional realizado na escola, trazem resultados eficazes em todas as fases do desenvolvimento humano. Por isso, não podemos nos distanciar da parceria escola/família, porque essa sintonia promove uma evolução saudável independentemente da faixa etária. Alguns benefícios dessa parceria são facilmente visualizados a curto prazo, como o aumento do rendimento escolar, o maior envolvimento familiar na escola, o acompanhamento constante da criança e no desenvolvimento cognitivo e socioemocional do aluno. Antes de matricular seu filho em uma escola, verifique se o que procura faz parte de sua proposta pedagógica e o grau de comprometimento e envolvimento com a qualidade do ensino.