A afetividade é um componente importante para a construção do autoconceito e da autoestima do aluno.
19 de Abril, 2023
Muito se fala sobre técnicas educacionais, métodos de ensino, abordagem de novas tecnologias etc. A temática é ampla, antiga e, ao mesmo tempo, renovada à medida que a sociedade se transforma. Entretanto, notamos que os problemas educacionais permeiam todos os ciclos, independente da época. A tentativa que ora se faz não é a de apresentar uma ideia revolucionária. Muito pelo contrário. Trata-se apenas de um olhar para o universo do afeto. Isso mesmo, o afeto como ato de educar. O afeto está intimamente ligado ao aprendizado. Para entender como isso se dá, propomos um breve discurso sobre a transição social que a criança percorre do âmbito familiar para o escolar. Enquanto participante de um microssistema familiar, a criança, com seu amor garantido, é atendida prontamente nas mais diferentes situações, tendo em mente aquele núcleo cuidador provido de afeto e cuidados físicos. À medida que esse sistema é ampliado, a necessidade de uma educação formal passa a existir. As instituições de ensino são consideradas para suprir o que a família necessita. De imediato, a adaptação escolar passa a ser a protagonista do enredo. É nesse ponto que a relação com o outro tem um peso nobre.
É no convívio social que a criança passa a fazer parte de um novo meio, adaptando-se a ele e submetendo as suas determinações, pois é nesse ambiente que encontrará novos amigos, formando vínculos afetivos que podem influenciar no desenvolvimento de sua identidade. A criança passa a conhecer o mundo por meio das relações com seus pares, pois é na interação social que ela tem acesso aos instrumentos que possibilitará o seu desenvolvimento cultural, permitindo estruturar a realidade e o próprio pensamento. A escola é um espaço importante de trocas, promovendo a independência e o desenvolvimento da criança. A influência exercida por cada pessoa na vida daquele ser fará com que novas experiências sejam adquiridas e a afetividade é a energia que impulsiona a ação. Explicando melhor, de acordo com a prática positiva ou negativa entre as relações, é possível adquirir sentimentos bons ou ruins em relação ao aprendizado em si. E isso pode se adaptar a qualquer tipo de aprendizado, não se aplicando com exclusividade aos conteúdos escolares. Quem nunca teve um superamigo que explicou algo, ensinou como fazer algo de uma forma tão leve, descontraída, com afeto, que nunca mais esquecemos? E aquela professora que depois de uma aula de leitura cansativa pede para seus alunos projetar seus bracinhos sobre as carteiras e tasca-lhe um cafuné? Pois bem, a afetividade é um dos fatores que favorecem o desenvolvimento cognitivo, fazendo com que o indivíduo aprenda através dos sentimentos, das emoções e das experiências trocadas na interação com o outro.
Pensando exclusivamente na sala de aula, a afetividade é um componente importante para a construção do autoconceito e da autoestima do aluno, pois quando o professor valoriza seu desempenho na sala, seu rendimento escolar também melhora. Da mesma forma, o sentimento de insucesso em sala de aula compromete o seu desempenho escolar.
Sabendo da importância da relação do afeto com a aprendizagem e valorizando o que cada aluno possui de melhor, o Anglo Morumbi tem como um dos pilares educacionais o programa Líder em Mim, reconhecido mundialmente como uma das principais autoridades no avanço da Aprendizagem Socioemocional em educação. Se somos modelos aos nossos alunos e familiares, nos empenhamos nessa função. Um olhar humanizado e comprometido com o futuro. Alunos assistidos, respeitados, valorizados e amados. Já disse Chalita (2001): "Todo e qualquer aluno tem vocação para brilhar, em áreas distintas, de formas distintas; mas é um ser humano e, como tal, possui inteligência, potencial; se for orientado, acompanhado por educadores conscientes do seu papel, poderá produzir, crescer e construir caminhos de equilíbrio, de felicidade." E quem é que não gosta de, além de tudo isso, também ser amado? Fica a reflexão.